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No Brasil, ser fanático não é um desvio; é praticamente um esporte nacional. E não importa se o objeto da idolatria veste chuteiras ou terno e gravata: a lógica é a mesma. Torcedores de futebol e eleitores apaixonados por certos políticos têm mais em comum do que gostariam de admitir — embora admitir qualquer coisa já seja pedir demais para quem acredita que seu “líder” ou seu “time” jamais erra.

O torcedor fanático, por exemplo, é aquele que assiste a um 5×0 contra seu time e ainda assim sai do estádio dizendo que “foi só um dia ruim” ou que “a arbitragem está comprada”. Do outro lado, o eleitor fanático faz praticamente a mesma coisa: mesmo diante das maiores contradições, continua repetindo que seu político é um injustiçado, um gênio incompreendido ou um herói perseguido. O pacote é idêntico: incapacidade de reconhecer falhas e talento extraordinário para inventar desculpas criativas.

E o motivo disso é simples: tanto o time quanto o político favorito funcionam como extensão da própria personalidade do fã. Criticar o ídolo é criticar o indivíduo — e ninguém quer estragar a própria autoestima. Assim, é muito mais fácil transformar qualquer opinião contrária em ameaça e entrar automaticamente no modo guerra.

Afinal, todo mundo sabe que a vida fica mais emocionante quando existe um “inimigo” claro a combater, seja ele o time rival ou o eleitor da esquina.

O mais divertido, porém, é observar como ambos os grupos constroem narrativas épicas. Torcedores revivem partidas de 20 anos atrás como se fossem feitos heroicos da humanidade; eleitores recontam discursos de campanha como se fossem textos sagrados.

No fim das contas, o importante é manter viva a mitologia — porque sem um pouco de fantasia, a realidade seria dura demais para encarar.

Em resumo, torcedores e eleitores fanáticos seguem o mesmo roteiro: defendem cegamente, brigam apaixonadamente e têm uma fé inabalável na sua “causa”, mesmo que a causa não faça muito sentido. A única diferença é o local do espetáculo: uns escolhem a arquibancada, outros a urna. Mas, na prática, tudo funciona como um grande campeonato onde o prêmio é… continuar discutindo eternamente.

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