A página Itapajé Fuxico, comandada e controlada pelo vereador Douglas Mota, publicou uma postagem tentando se passar por jornalista ao comentar a fiscalização realizada pelos vereadores Rayanne Costa e Rafael Galdêncio.
Sob a aparência de notícia imparcial, o texto traz uma crítica moldada para defender a gestão municipal, insinuando que os vereadores teriam agido de forma irresponsável ao divulgar a fiscalização sem antes consultar a Secretaria de Segurança, Trânsito, Transporte e Defesa Civil.
A publicação afirma que “apesar da denúncia, os vereadores não buscaram informações junto à Secretaria para esclarecer a real situação dos veículos antes de tornarem o caso público”.
A frase, que tenta soar tecnicamente, na verdade expõe um sarcasmo involuntário: a página que cobra checagem hoje é exatamente a mesma que, na gestão passada da ex-prefeita Gorete Caetano, jamais checou nada antes de lançar ataques, provocar escândalos e manipulou a opinião pública.
A cobrança soa artificial, oportunista e debochada — porque vem justamente de quem mais se beneficiou da lógica do caos.
E é aqui que a narrativa desmonta: o problema real não está na forma como Rayanne e Galdêncio divulgaram a fiscalização. O problema está no que eles encontraram. E o que encontraram não é pouca coisa.
Durante a fiscalização, os vereadores identificaram três veículos do transporte escolar municipal escondidos em uma garagem privada, completamente fora de qualquer estrutura oficial da Prefeitura.
A garagem, é irregular, sem autorização formal, e ainda sob suspeita de ter sido sublocada — o que, por si só, já levanta bandeiras vermelhas de uso indevido de patrimônio público.
Não há justificativa plausível para que veículos públicos estejam ocultos em espaço privado, sem transparência, sem registro e sem controle administrativo claro.
Mas, em vez de questionar esse fato gravíssimo, a Itapajé Fuxico preferiu virar o jogo contra os fiscais.
Não se pergunta por que os veículos estavam lá.
Não se questiona quem autorizou. Não se investiga a legalidade do imóvel. Não se explica por que o transporte escolar do município depende de uma garagem clandestina. Nada disso merece atenção — para a página, o problema é que os vereadores divulgaram.
É o retrato perfeito da inversão moral: culpa-se quem revela o problema, absolve-se quem o causa.
E tudo isso vindo justamente de uma página que, na gestão passada da ex-prefeita Gorete Caetano, transformava qualquer sombra, qualquer barulho de hospital, qualquer falha pontual em espetáculo.
Todos sabem — e a cidade inteira lembra — que Douglas Mota entrava no hospital municipal sem autorização, filmava, expunha funcionários e pacientes, gerava tumulto e divulgava tudo imediatamente, sem filtro, sem contexto e sem responsabilidade.
A página sempre operou assim: atira, espalha, inflama e só depois, quando muito, tenta explicar.
Agora, subitamente, a mesma página tenta posar de guardiã do “bom jornalismo”, da “informação responsável” e do “dever de ouvir o outro lado”. A mudança não é moral, não é ética, não é institucional — é financeira e política.
Agora recebem da gestão. Agora defendem a gestão. Agora silenciam diante dos erros da gestão. Agora, para eles, transparência virou inconveniência.
E é justamente por isso que a crítica feita aos vereadores soa tão falsa: ela não se sustenta no passado da página, não se sustenta no comportamento recente e não se sustenta na realidade dos fatos. Trata-se de mera blindagem política.
A verdade é simples: vereadores são agentes políticos com dever constitucional de fiscalizar. Não são assessores da Secretaria, não são despachantes da Prefeitura, não são obrigados a pedir bênção para investigar o que é público.
Fiscalização não exige aviso prévio. Exige coragem de verificar. E quando encontram irregularidade, têm o dever de mostrar. Esconder é que seria prevaricação.
A cobrança da Itapajé Fuxico, portanto, não passa de uma tentativa de censurar o papel fiscalizador e ao mesmo tempo desviar o foco do real escândalo: o uso de um imóvel irregular como garagem clandestina para esconder veículos sucateados da frota municipal.
A população de Itapajé não é ingênua. Sabe reconhecer quando uma postagem é notícia e quando é arma política. Sabe quando um texto é jornalismo e quando é comando. E sabe — porque aprendeu na prática — que a página de Douglas Mota sempre atuou conforme a conveniência do momento. No passado, perseguiu, com falsas narrativas e atacou. Hoje, protege, ameniza e confunde.
A tentativa atual de distorcer o episódio não surpreende. Mas também não engana. E se a intenção da página era desacreditar Rayanne e Galdêncio, acabou apenas revelando sua própria incoerência.
Afinal, quem atacou sem checar na gestão passada da ex-prefeita Gorete Caetano não tem autoridade para cobrar verificação de ninguém.
O episódio deixa claro:
A hipocrisia não é falha de caráter, é método de trabalho. E neste caso, o método é tão evidente que dispensa esforço para ser percebido. Basta comparar o ontem e o hoje da página que, agora, tenta ensinar moral — sem nunca ter praticado uma qualquer.