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O prefeito Raimundo Nonato Souza Silva, o Nonatinho, transformou o governo de Itapajé em um púlpito de conveniência. Abandonou a gestão e abraçou o sermão. A cada crise, troca a prestação de contas por citações bíblicas, o planejamento por orações, o dever administrativo por frases piedosas. Quando faltam resultados, recorre a Deus. Quando sobram críticas, apela à perseguição. O milagre virou política de governo.

A encenação é antiga. Publica mensagens religiosas nas redes sociais, emprestadas de padres ou pastores, tentando vestir o figurino de homem injustiçado. O objetivo é sempre o mesmo: transformar incompetência em martírio. A retórica da fé surge como disfarce para o colapso da gestão. O hospital sem transparência, os salários atrasados, as dívidas acumuladas — tudo é empurrado para debaixo do tapete da devoção.

Nas redes, o coro dos bajuladores faz o serviço sujo. “Homem de Deus”, “servo fiel”, “abençoado”. Nenhum fala em cobrança, em transparência, em responsabilidade. Nenhum menciona a crise hídrica, as contas sem pagar, o caos na saúde. É um culto de conveniência. A fé virou instrumento de bajulação, e os comissionados se tornaram evangelistas de planilha. A idolatria política substituiu a ética. O altar do poder ganhou fiéis pagos com o dinheiro público.

O prefeito prega, mas não governa. O discurso sagrado virou escudo contra a cobrança legítima. As palavras de humildade escondem a arrogância de quem não aceita crítica. O vocabulário religioso serve para maquiar o fracasso e silenciar o debate. Questionar o prefeito é ofender a fé. Cobrar resultados virou pecado. É a teologia do cargo, a religião da conveniência.

Em Itapajé, a fé foi sequestrada. Transformaram Deus em selo de campanha. O nome sagrado passou a justificar incompetência e corrupção. O prefeito se apresenta como escolhido, os bajuladores como apóstolos, o cidadão como herege quando exige prestação de contas. A cidade vive sob um governo que usa o manto da religião como cortina para esconder a miséria da administração.

A fé verdadeira não se impõe por decreto. Não precisa de marketing nem de rede social. A devoção não se mede por curtidas, mas por conduta. E nenhuma conduta pública é mais cristã do que governar com justiça e transparência. Falar em Deus enquanto se deixa o povo sem salário, sem saúde e sem resposta é blasfêmia política. É o uso indecente do sagrado para legitimar o erro.

Itapajé não precisa de um pregador de gabinete. Precisa de um administrador que respeite o dinheiro público, que cumpra contrato, que pague o que deve. A fé do povo é patrimônio espiritual, não moeda de troca. Quando o governante se refugia em versículos para fugir de críticas, confessa sua falência moral.

O que se vê é um município ajoelhado diante da própria decadência. Um prefeito de microfone na mão, um exército de bajuladores em coro, e uma cidade sem rumo, repetindo “amém” para o próprio abandono.

Em Itapajé, o evangelho é da incompetência, e o templo, da mentira.

Não se trata de dinheiro extra nem de um novo benefício, mas de uma correção contábil. É o reflexo de uma gestão que não conseguiu aplicar integralmente o que a lei determina dentro do ano fiscal.

A prática política e o equívoco do décimo quarto salário

Em Itapajé, o termo décimo quarto salário passou a circular como símbolo de valorização da categoria. No entanto, trata-se de um erro conceitual e jurídico. O pagamento não é décimo quarto, é abono de sobra do Fundeb, uma obrigação legal, não uma benesse da gestão.

Os órgãos de controle, como o Tribunal de Contas do Estado do Ceará e o Ministério Público de Contas, têm posição firme: sobras do Fundeb não configuram benefício, são o resultado de má execução orçamentária e devem ser aplicadas exclusivamente para corrigir o percentual mínimo não atingido.

O TCE já respondeu consulta da própria Prefeitura de Itapajé sobre a concessão de abonos com sobras do Fundeb, alertando para o uso indevido e para a necessidade de comprovação de cumprimento dos 70 por cento.

O que isso revela sobre a gestão

O fato de Itapajé encerrar o exercício com sobras logo no primeiro ano de mandato do prefeito Nonatinho indica falha de planejamento orçamentário da Secretaria de Educação. Em vez de aplicar regularmente os recursos ao longo do ano, ajustando folha, contratando e remunerando adequadamente o magistério, o governo termina o ano com valores parados e recorre à fórmula do abono.

Essa prática cria um ciclo perverso: transforma obrigação em presente político. Os servidores recebem algo que já lhes pertencia por direito, mas a comunicação oficial tenta vender isso como gesto de generosidade da administração.

O que dizem os órgãos de controle

Para o TCE, o uso recorrente das sobras não pode se tornar política permanente. O fundo é de execução anual, e sua sobra é exceção, não regra. Quando a mesma situação se repete, isso é indício de falha crônica na gestão da educação. Se houver reincidência, o município pode receber ressalva nas contas, e o gestor pode ser responsabilizado por ineficiência na aplicação de recursos vinculados.

Conclusão

O décimo quarto salário anunciado pela gestão de Nonatinho e Silvandira Mesquita não é um benefício novo, nem ato de valorização espontânea. É a utilização obrigatória das sobras do Fundeb, que surgem justamente porque a administração não conseguiu aplicar os recursos corretamente durante o ano.

Se a prefeitura tivesse executado a lei como manda o artigo 26 da Lei 14.113 de 2020, não haveria sobra, nem abono, nem décimo quarto. O que Itapajé celebra, na prática, não é um prêmio, é o sintoma de uma falha de gestão disfarçada de conquista.

Nocaute!

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