Itapajé: Entre o Silêncio e a Corrupção
Itapajé, no coração do Ceará, tornou-se o retrato cru de uma política doente.
Campanhas marcadas por compra de votos, prisões e mortes mostram que o poder local se afastou da ética e se aproximou da podridão. O que deveria ser disputa de ideias virou mercado de almas — onde o político compra, e o eleitor se vende.
A política do dinheiro e da vergonha
Em cada esquina, repete-se a velha prática: o político suja as mãos com dinheiro fácil, e o eleitor estende a sua. O voto virou produto. O homem custa um preço, a mulher outro. Em Itapajé, o processo eleitoral é uma feira onde se vende consciência e se compra silêncio.
A banalização da morte
Em 2025, 29 pessoas foram assassinadas a bala no município. A violência deixou de ser exceção — tornou-se rotina. Matar já não choca, não mobiliza, não assusta.
Muitos crimes sequer passam por exame de necropsia. Inquéritos desaparecem, provas se perdem, e o silêncio das famílias é comprado com pequenas quantias. Aqui, a impunidade é regra, e a vida humana parece não ter valor.
Corrupção e assédio: o poder que apodrece
Enquanto o desemprego destrói o futuro de milhares, a política virou moeda de troca: voto por dinheiro, voto por favor, voto por promessa.
Nos bastidores, o cenário é ainda mais repugnante. Há denúncias de assédio durante viagens com doentes para Fortaleza, Sobral e Itapipoca. Políticos que deveriam cuidar do povo aproveitam a fragilidade alheia para satisfazer seus interesses. Muitos ostentam famílias “de fachada”, enquanto escondem filhos fora do casamento.
O luxo dos poucos e a seca dos muitos
Itapajé tornou-se especialista em corrupção. O político vive como rico, o povo como servo.
A cidade amarga mais de um ano sem água, mas o prefeito é aplaudido pelos mesmos bajuladores de sempre — os que mudam de lado conforme o poder muda de mãos.
A lealdade, aqui, tem dono e preço.
Uma cidade à deriva
Itapajé perdeu o rumo. Perdeu a vergonha.
O discurso político virou piada, a justiça virou silêncio, e o povo — cansado — parece ter desistido de acreditar.
Se nada mudar, Itapajé deixará de ser cidade para virar símbolo: o exemplo de como a corrupção, a impunidade e o medo destroem não apenas governos, mas também a alma de um povo.
Irapuan Monteiro
Nocaute!